Blog Post
Mudando o presente e o futuro com educação e oportunidade
O que pode ser feito para superar a pobreza?
Uma casa de apenas um cômodo com paredes de madeira. Nela, moram três pessoas – dois adultos e uma criança. Sem geladeira, sem fogão e sem banheiro. No pequeno espaço, roupas amontoadas num canto, um ventilador e uma velha cama. Sobre ela, brinca uma menina de apenas seis anos. Neste contexto, qual será o futuro desta criança?
Este cenário pode muito bem ser o retrato de uma família que se encontra no grupo dos 13,7 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza extrema [1]. E a menina, que está entre as mais de 4 milhões de crianças que nascem a cada ano no Brasil, poderá chegar aos nove anos sem saber ler. Educação, pobreza e desigualdade estão intimamente relacionadas. Renata Duarte, pós-doutora em História da Educação, explica que crianças nascidas em um contexto de pobreza têm maior probabilidade de se tornarem as famílias pobres de amanhã.
““A condição de pobre, faz com que essas crianças e jovens não frequentem adequadamente a escola, tenham necessidade de trabalhar e abandonem seus sonhos de um futuro melhor e mais humano”.
Mas a história a seguir é um exemplo real de que é possível romper o ciclo da pobreza:
“Quando eu tinha sete anos de idade, eu fui apadrinhado por uma pessoa que está na minha vida até hoje. Eu morava num lugar pobre, que era marcado pelas drogas e violência. O vínculo que criei com meu padrinho me ajudou muito a pensar num futuro melhor para mim, para minha família e ser uma pessoa melhor. O meu padrinho era fotógrafo e nas cartas ele enviava muitas fotos dos trabalhos que ele fazia. Eu achava aquilo o máximo! Ele sempre me incentivou muito. Hoje, tenho 27 anos e sou fotógrafo, graças à influência do meu padrinho. Muito do que eu sou hoje como pessoa e como fotógrafo, eu devo muito ao Jorge” [3].
O relato do Wendel, ex-apadrinhado do ChildFund Brasil, mostra como o apadrinhamento pode mudar a vida de uma criança e romper com o ciclo da pobreza e desigualdade. O apadrinhamento possibilita que uma criança, que vem de um contexto de pobreza, tenha acesso a oportunidades para desenvolver todo o seu potencial e passar a viver com dignidade. Este é desejo de Deus: que crianças, adolescentes e jovens se desenvolvam de forma integral.
Sabedoria, estatura e graça para crianças, adolescentes e jovens
Em Lucas 2.52, o relato da infância de Jesus nos propõe um modelo: “Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens”. O teólogo Harold Segura explica que o que Jesus experimentou foi um desenvolvimento que se dá em quatro dimensões integradas: sabedoria, estatura, graça diante de Deus e graça diante da comunidade. Envolve tanto a dimensão biológica quando a psicológica, a social e a transcendente – esta última relacionada aos valores e à espiritualidade [4].
Harold Segura lembra a importância que os reformadores deram ao desenvolvimento das crianças: “Lutero, por exemplo, preocupou-se com o ensino integral das crianças e apelou aos governantes alemães para que assumissem o compromisso público de abrir e manter escolas cristãs. Calvino e demais reformadores clássicos também expressaram a mesma preocupação pastoral com a infância do seu tempo. Tomaram iniciativas – algumas bem corajosas para a sua época – voltadas à educação das crianças e proteção social.”
O que será desta criança?
O evangelho de Lucas, capítulo primeiro, narra que, ao saberem que Isabel, uma mulher idosa e estéril, tinha dado à luz um filho, os vizinhos indagaram: “O que será deste menino?”. Uma pergunta semelhante à que fizemos a respeito da garota no início do texto. No caso de João Batista, filho de Isabel e Zacarias, a resposta já havia sido dada pelo anjo: “Será grande diante do Senhor!”
Expectativa e preocupação com o futuro de uma criança é o que está por trás das perguntas “O que será desta menina? O que será deste menino?” Além de pais, mães, tios, tias e avós, são perguntas feitas também por educadores, professores da escola e das igrejas, padrinhos e madrinhas – “pessoas que resolveram amar os filhos de outros, que sabem que as crianças têm valor e que não se conformam em vê-las longe do bom propósito de Deus para suas vidas” [5].
A pergunta em questão aponta para o futuro e para hoje. A criança será amanhã uma continuidade do que é hoje. Aqui convergem o apadrinhamento e a educação – dois elementos que podem construir Pontes de Transformação. Pontes abertas para pessoas que desejam erguer uma cerca de proteção, incentivar, ensinar e promover crianças e adolescentes. Pontes para pessoas que querem participar da missão de preparar o caminho para que apadrinhados vivam os propósitos de Deus para suas vidas.
Ao se tornarem uma Ponte de Transformação, cristãos e cristãs de forma individual ou coletiva (igreja) oportunizarão formação e educação para crianças, adolescentes e jovens se desenvolverem integralmente, conforme o modelo de Jesus. É um investimento para construir um futuro e um presente melhor. Presente, porque quem dá de si ao próximo torna melhor a si mesmo e transforma a realidade ao seu redor. Futuro porque as crianças de hoje serão as construtoras do amanhã. Como vamos responder ao chamado de Deus para cuidar dos mais vulneráveis, promover desenvolvimento, romper ciclos de pobreza e desigualdade e construir um presente e um futuro melhor?
Notas
[1] Síntese de Indicadores Sociais (IBGE) [2] Os impactos da pobreza na educação escolar (pensaraeducacao.com.br) [3] A infância de Jesus nos ensina algo sobre como as crianças devem crescer hoje? (pontesocial.org.br) [4] Comissionados a perguntar “O que será deste menino?” (maosdadas.ong.br)
Posts Recomendados
Tags
Posts Recomendados
O que a Bíblia diz sobre generosidade?
Se generosidade tem a ver com fazer nascer, podemos dizer que é no coração generoso o solo fértil para a solidariedade.
5 Razões para um cristão apadrinhar uma criança
A igreja cristã carrega em sua história uma tradição de generosidade, compaixão e serviço em favor dos menos assistidos.
Como Superar a extrema pobreza no Brasil
Acreditamos na superação da extrema pobreza e na construção de um país em que todos tenham uma vida digna. Será possível? Saiba mais!